sábado, 2 de janeiro de 2010

Instinto de Nacionalidade - Machado de Assis

Instinto de Nacionalidade - Machado de Assis

Marcos Holanda

Ideal do Crítico

Neste ensaio Machado não explicita o seu conceito de crítica, como também faz uma crítica aos valores indevidos ou abusivos da literatura de sua época, valores esses que não provinham da imparcialidade do crítico literário. Interpela, pois, a crítica corrente e o faz demonstrando o quão superficiais e por vezes livres estão de uma análise precisa da obra de arte literária. Evidencia-se assim que é possível analisar sem criticar, porém é infrutífero, quando não vergonhoso, querer criticar sem antes analisar.

Machado propõe que as duas condições fundamentais da crítica sejam a consciência e a ciência. Quando Machado cita consciência, quer dizer também sinceridade, nula de interesses pessoais ou alheios. Ao mesmo tempo em que cita ciência, ele explicita o papel de pesquisador que o crítico deve empenhar, dando importância às mínimas nuâncias de sua análise para não se equivocar ou mesmo cometer erros absurdos.

Machado chama a atenção para que o crítico não precipite seu julgamento levado por impulsos que podem levar sua crítica ao descrédito. O crítico não pode deixar levar-se pelo censo comum, sua crítica tem de ser independente do que outros disseram, independente do amor próprio e das inviolabilidades literárias, livre de cegas adorações. Descreve, portanto, como o crítico deve atuar no seu juízo, sem se deixar valer por preferências de época ou estilo, de maneira a exprimir justiça à obra em que encerra o seu julgamento. O crítico tem de usar de sutileza para encerrar seu julgamento e não direcionar sua crítica como um ataque, porém o crítico não deve temer um embate de idéias, desde que o seu propósito seja voltado para a verdade.

Machado faz um fechamento de toda a sua filosofia crítica, ou seja, reúne todos os atributos que acha necessário ao bom crítico, nos quais ele se baseia; uma análise conscienciosa, imparcial, porém, sutil, questionando-se sobre as leis do belo e procurando encarnar o espírito de um livro (obra) encerrando assim uma análise solícita e verdadeira. Destaca a importância do crítico incorporar a obra, independente de seus sentimentos, aproximando-se assim de uma análise cada vez mais conscienciosa e imparcial, sem perder a sutileza ou mesmo ser superficial.

Um comentário:

Zípora Prado disse...

Machado de Assis tbm critica a forma que os escritores tem de engrandecer a cor local. Ele ressalta para a falta de temas universais ( Temas que ele trará em seguida com seus respectivos romances). Machado afirma que isso só se irá conseguir com o tempo, com quem sabe duas gerações a seguir. Contudo gostei de sua abordagem!